"Quando era pequeno, a minha avó dava-me um martelo e uns pregos e eu ficava entretido horas a fio à volta de um cepo velho." - Miguel Palma

No dia 28 de maio, a Zaratan - Arte Contemporânea tem o prazer de apresentar Cepo, uma exposição individual de Miguel Palma.
Esta exposição tem precisamente como ponto de partida um cepo. Um cepo que o artista usa como bancada de trabalho onde, qual artesão, martela latas de óleo de motor de carro coleccionadas desde os anos 60. Estas são esmagadas, planificadas, transformadas em folhas, suspensas numa parede e sujeitas a alguns movimentos. O som metálico das suas pequenas colisões é ampliado através de um microfone de contacto e ouvido em toda a sala.

O cepo é aqui, simultaneamente, um lugar de trabalho manual, uma ferramenta para a transformação e um instrumento de som. É sobre a superfície deste segmento de uma árvore que as latas, que no passado foram contentores de lubrificantes que suavizaram o funcionamento dos motores, se tornam bidimensionais após a intervenção do artista. Esta transformação permite-lhes serem potenciais teclas adaptadas, que, ao embaterem numa corda de aço, criam sons monocórdicos e erráticos. O som que é ouvido tanto nos recorda o funcionamento de um motor a combustão, as agressivas pancadas metálicas iniciais ou ainda o som monótono de um vulgar espanta-espíritos.