FIREWORKS curadoria de TIAGO ALEXANDRE

12 Abril a 13 Maio

FIREWORKS

Curadoria de TIAGO ALEXANDRE

Patente de 12 de Abril à 13 de Maio
HORÁRIOS de Quinta a Domingo das 16h às 20h 
Com a colaboração de MARIA JOANA VILELA
Autores: ALBINO SEQUEIRA, ÂNGELA NUNES, GRAÇA MARQUES, HELENA ROMEU SOARES, MARIA JOÃO MARTINS, MARIA MARTINS, JOÃO CAUTELA, PAULO GONÇALVES, PAULO RODRIGUES, PEDRO GRÃO, ROGÉRIO ALCOBIA. 



A FESTA E O TÉDIO SEMPRE DE MÃOS DADAS

Toda a festa se presta ao devaneio, à projecção dos sonhos. Como se de uma passagem se tratasse. O presente está embrenhado de desejos de futuro, de expectativas várias. Elaborar em torno de uma vida nova, em termos de uma fuga, é algo de profundamente entediante, e constante, o que faz pesar sempre mais a urgência, aumenta os desejos, a criatividade, o idealismo. Na festa, contudo, junta-se-lhe 
o êxtase.
Potencialmente sucedem duas coisas: por um lado, a distracção, uma espécie de completude e de apaziguamento, a certeza de se estar inteiro naquele tempo e naquele lugar inconsequente e feliz; por outro, o sonho, a vontade de impor a mudança e a convicção de que essa será a forma mais eficaz de existir amanhã. No primeiro dos casos, olha-se mais para baixo, enquanto os fogos ecoam e estimulam a dança e o riso, o alheamento, o esforço por sentir tudo de uma vez, toda a intensidade de um momento resolvido ali, em absoluto, em absoluto fechamento que só se expande (aparentemente) na partilha que a festa, eventualmente, promove. No outro caso, é mais natural que se desloque o olhar para o alto, para o assombro fugaz, sobre-humano, a verdadeira experiência da passagem desejada, ainda que, logo depois, se mantenha tudo na mesma.
Será por isto que, em qualquer dos casos, nos forçamos por reter o momento, uma memória? Estas imagens são possivelmente uma tentativa disso mesmo. De consagrar os instantes da festa. A beleza do que parece escapar-nos, por chegar demasiado alto, demasiado longe! A rememoração da noite feliz é sempre vaga. A nostalgia insiste em prender-nos à ressaca do êxtase. E este é o estimulo mais determinante de uma noite feliz: a esperança, a ambição do futuro, sempre outro cenário. E novamente o tédio. Fireworks é um pouco isto, espelho de uma transição, a memória nevoenta da celebração (e do medo).

Maria Joana Vilela