AMEIAS de Stéphane Blumer

18 Agosto a 17 Setembro

Ameias

Stéphane Blumer

18. 8. 2016
Inauguração

17. 9. 2016
Finissage

No dia 18 de Agosto, pelas 19 horas, a Zaratan - Arte Contemporânea convida para a inauguração da exposição Ameias de Stéphane Blumer.
O trabalho abordado na exposição Ameias de Stéphane Blumer investiga a zona de conflicto entre individualidade e comunidade. Dentro de contextos culturais e históricos específicos, uma das intenções é a de identificar momentos de descontinuidade que reavaliam as estruturas sócio-políticas. Trata-se de colocar em risco as convenções pessoais tanto como as culturais, investigando a linguagem e suas lacunas e deficiências, de descobrir que todos somos uma singularidade qualquer, igualmente amável e terrível, prisioneira das malhas do poder, à espera de uma insurreição que nos permita mudar a nós mesmos.
O vídeo "Quietism" é o resultado da montagem de centenas de cenas extraídas entre as mais de 70'000 conferências da TED, uma plataforma online que promove a partilha dos mais vários e eventuais conhecimentos. Aqui a conferência está ausente e o material é amplamente censurado. Sobra só a audiência, que permanece a frente dos títulos das conversas às quais estão a assistir. O espectador real do vídeo coloca-se numa oscilação entre a posição do professor mudo e o seu público, numa experiência ambígua de mútuo vouyeurismo.
"Atelophobia" (do Grego “atelès” que significa "imperfeito" ou "incompleto" e “fobos”, “medo” indica um distúrbio de ansiedade vulgarmente conhecido como o medo de não ser suficientemente bom ou perfeito) é uma série de papéis de parede cujos motivos jogam com a ilusão visual da infinidade, embora situações diferente estejam representadas: manifestações e multidões, rebanhos de pessoas em fila ou rezas colectivas etc. Essas situações configuram-se em modelos arquitetónicos: fachadas, muros, janelas e porta. Entre outros, o interesse deste trabalho reside no contraste que existe entre a individualidade e a multidão e a forte capacidade deste último em prevalecer sobre o primeiro: cada pessoa só é distinguível das outras se o padrão é observado de perto. 
O vídeo "Anhedonia" apresenta uma série de excertos de telenovelas brasileiras, onde os diálogos foram completamente eliminados. O resultado desta operação é enfatizar a interação não-verbal entre os actores, sublinhando as expressões faciais grotescas e uma tensa e ao mesmo tempo esvaziada narrativa do quotidiano. São desvendadas as estratégias utilizadas para produzir a suspense e sedução no público televisivo. O termo “anedonia” indica uma característica fundamental da depressão clínica, da esquizofrenia, e de muitas outras doenças mentais: a incapacidade de obter prazer a partir de experiências diárias normalmente prazerosas.
Finalmente, a vídeo instalação "Avolition" junta imagens de tutoriais a ensinarem a moldar galáxias em 3D com uma longa listagem de revoluções acontecidas entre 1985 e a actualidade. “Avolição” significa literalmente “falta de vontade" como um sintoma de várias formas de psicopatologia, é a diminuição da motivação para iniciar e executar actividades intencionais auto-dirigida. Tais atividades que parecem ser negligenciada geralmente incluem atividades de rotina, passatempos, indo para o trabalho e/ou escola, e principalmente, engajar-se em atividades sociais. Entre re-volução e a-volição, entre dados históricos e galáxias, nos encontramos numa vertigem entre microcosmo e macrocosmo. 
Ainda, o áudio de "Avolition" é formado por dois tipos de ondas sonoras. Uma é chamada binaural, o resultado da fusão de duas ondas ligeiramente distanciadas, neste caso o cérebro cria uma terceira onda inexistente numa espécie de alucinação. Os sons binaurais envolvem frequências que têm o efeito de acalmar. Ao contrário, o segundo tipo de ondas utilizado neste trabalho são chamadas isocrónicas. São mais curtas, rápidas e têm o efeito de despertar.