APREÇO de Ana Catarina Fragoso, Hetamoé & João Francisco

10 Dezembro a 16 Janeiro

No dia 10 de Dezembro às 19 horas inaugura o segundo capítulo do CICLO COMBO com Apreço, uma exposição colectiva de Ana Catarina Fragoso, Hetamoé e João Francisco. Com curadoria da Zaratan - Arte Contemporânea, o CICLO COMBO é um lugar comum, onde dois ou mais artistas confrontam as suas práticas e geram um diálogo estreito cheio de filiações,equivalências e isomorfismos.

A palavra “apreço”, que intitula a exposição, indica um sentimento de respeito e estima, um valor afectivo que se atribui a algum objecto, mas também um derivado de “apreçar”, de indagar ou ajustar o preço de um produto. O universo semântico desta palavra encontra-se entre a qualidade ou valor emocional de algo e a sua quantificação, sendo a última essencial a qualquer transacção comercial. “Apreço” é o ponto de partida para esta exposição onde se entrelaçam três pontos de vista sobre a relação das imagens com o valor, as emoções, os desejos e as ideias que projectarmos nas coisas.

Ana Catarina Fragoso apresenta um conjunto de pinturas sobre madeira recortada que remetem para as moedas de ouro e bronze da antiguidade clássica. Evocando o acto de comprar e coleccionar pintura através de um humor tautológico, os trabalhos dispostos circularmente não só referenciam o universo numismático como assumem (literalmente) a imagem e forma de dinheiro contemporâneo e arcaico. Este é representado em diversas escalas e indistintamente misturado, tal como as referências à história da arte.

Hetamoé apropria-se de e replica desenhos encontrados na internet para abordar o universo do hentai, termo aplicado no Ocidente à BD ou desenhos animados japoneses de natureza pornográfica. Violando o copyright e integridade física e moral de figuras comerciais pré-existentes, estas representações “sem valor” testam os limites do corpo erótico e são aqui “resgatadas” como veículo didático, debitando conceitos ligados à economia do valor e da arte inscritos nos corpos das personagens.

João Francisco apresenta uma série de pinturas de pequeno formato, representando os corpos recém-falecidos de pequenos mamíferos. Estes ratos campestres são ocasionalmente depositados durante a madrugada no tapete à porta de casa pelos seus gatos que, desta forma, lhe oferecem os seus maiores troféus. Tais recompensas não se prendem com o propósito utilitário da alimentação, mas antes com um reconhecimento ou prova de mérito, semelhante aos troféus de caça ou de guerra.