A decorrer em cinco sessões, entre março e maio de 2024, o ciclo de performance VOLTAS é protagonizado por 6 artistas/ativistas internacionais que, com o seu trabalho, abordam questões universais ligadas à proteção dos valores das sociedades democráticas e ao desenvolvimento de uma consciência coletiva: a descolonização do conhecimento, a opressão política, a desigualdade social, as questões de género, a mudança climática.
Considera-se a revolução como um ponto de convergência fundamental para o desenvolvimento de uma consciência coletiva, o lugar onde definir novamente as fronteiras e os caracteres das minorias, ou repensar os instrumentos de acolhimento e proteção da sociedade democrática. Assim, a reflexão sobre o 25 de Abril torna-se uma ocasião para explorar as contestações políticas e sociais da atualidade não só em Portugal, mas também a nível internacional.
Com performances de Katarina Balunova (SK), Laura Stinger (US), Letícia Larin (BR), Melissa Rodrigues (CV/PT) com Carolina Varela (PT) e Roxanna Albayati (UK/IR) com Rebecca Moradalizadeh (PT/IR).

No dia 18 de Maio às 18:00 apresentamos a quarta sessão do ciclo. «Pau-Brasil» de Letícia Larin é uma performance de atmosfera ativista-ritualística em que se cruzam a produção de bens de consumo e a fabricação do corpo e do espaço social. O enredo dessa manifestação em transe é inspirado no mito Tupi-Guarani de criação do ser humano, onde o tronco da árvore pau-brasil serve de molde. Nesta peça, elementos que ressoam a ancestralidade indígena e a colonização de Pindorama (“Brasil” em guarani) funcionam como objetos relacionais. Sendo incorporados por almas e políticas tingidas com sangue através de detalhes em vermelho, chocam-se instâncias espirituais, terapêuticas, extrativistas e capitalistas. Tem-se assim, no revelar da razão e da loucura que fazem restar extinção e morte, um rito à transformação e à cura.
Figurino desenvolvido com a colaboração de Marisa Carboni.

VOLTAS é parte integrante do projeto “Lápis Azul / Lápis Vermelho”, com apoio conjunto da República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes e da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.

 

BIOGRAFIA:

LETÍCIA LARÍN nasceu em São Paulo (1982), de 2012 a 2016 residiu em Lima (Peru) e desde 2017 vive e trabalha em Lisboa. Artista visual e investigadora, é doutoranda em Belas-Artes (FBAUL, Lisboa, Portugal). Além de ser bolsista (FCT, Portugal) e receber uma bolsa de investigação (CLACSO, Argentina), publicou um capítulo de livro (CLACSO) e artigos (Brasil, Portugal, Peru, Espanha e Argentina), realizou residências artísticas (México, Portugal, Brasil e Estados Unidos) e apresentou conferências (Portugal, Alemanha, México, Peru, Argentina y Estados Unidos), performances (como em El Nidal e 9ª Conferencia CLACSO, Cidade do México, 2022; Projecto EXTRAI, Lousal, 2021; Festival dos Canais, Aveiro, 2019; 515 Gallery, Los Angeles, 2018; ABLI-Arte Bienal en Lima, 2017; Galería NNM, Lima, 2016) e instalações de grande formato (Casa da Cultura de Ílhavo e edifício INATEL em Braga, Portugal). Teve as suas principais mostras individuais em Lima (Centro Cultural Ricardo Palma e Socorro Espacio Polivalente) e participou em cerca de 60 exposições coletivas entre Portugal, Peru, Brasil e Estados Unidos (como É Bonita a Festa Pá, Bienal de Cerveira, Vila Nova de Cerveira, 2024; Ar: Acervo Rotativo, Luz Espaço de Arte, São Paulo, 2023; ARCO Perú – 3ª Edición de ABLI, Lima, 2019; The Bermuda Project, St. Louis, EUA, 2018; Loops – 4ª edição, MNAC, Lisboa, 2018; Concurso de Arte Contemporáneo Joven, CCRP, Lima, 2014; X Bienal do Recôncavo, CC Dannemann, Bahia, 2010; Paradoxos Brasil – Rumos Artes Visuais 2005/2006, CDMAC, Fortaleza, Paço Imperial, Rio de Janeiro e Instituto Itaú Cultural, São Paulo).