O Que Fazem os Mortos - Conferência de Artur Aristakissian

25 Novembro 2018 19h00

A Zaratan e a Wrong Wrong têm o prazer de apresentar a conferência “O Que Fazem os Mortos”, do realizador Artur Aristakissian, presente em Lisboa para a edição deste ano do LEFFEST – Lisbon & Sintra Film Festival. 

O evento, apresentado em Russo com tradução inglesa, terá lugar na Zaratan, no próximo Domingo 25 de Novembro, às 18h, e além do realizador contará com a presença de Aleksei Artamonov, Denis Ruzaiev e Ines Branco López, os curadores do ciclo temático “O Desejo Chamado Utopia”.

O Que Fazem os Mortos
Conferência de Artur Aristakissian

«O que é bom no cinema é que ficamos presos nele. Esperamos uma coisa e acontece outra. É como a errância da alma ou dos pensamentos de uma pessoa após a morte descrita no “Bardo Thodol”, onde a alma é posta à prova pela reacção da sociedade e por estereótipos culturais. Tudo aquilo a que em vida se agarrou a pessoa revela-se uma armadilha traiçoeira. Os entes queridos são atormentados por demónios. A mãe e o pai já não parecem os que conhecemos. O conhecimento parece o contrário do que sabíamos dele.
O público é mais que uma função social e cultural que produz e consome emoções. Na arte, os espectadores são os protagonistas e o principal objecto de experimentação. Não enquanto personalidades, mas como receptores culturais e censores íntimos. Será que as pessoas podem aceitar o que está ausente na sua cultura mais próxima, ou deixam que os seus censores íntimos os conduzam noutra direcção? Grande parte da obra artística é a percepção dos espectadores, que não é visível. Como notou o apóstolo Filipe num evangelho apócrifo, “tornamo-nos o que contemplamos”. Aqui também pode acontecer o contrário».

Artur Aristakissian é um realizador, director de fotografia e argumentista singular, pelo seu documentário ficcionado “Um Lugar no Mundo” (2001) e pelo documentário “Palmas” (1993) que será projectado a 23 de Novembro (http://www.leffest.com/filmes/palms) como parte do LEFFEST’2018, na programação especial “O Desejo Chamado Utopia” (http://www.leffest.com/seccoes/ciclos-tematicos/o-desejo-chamado-utopia). Na Rússia ele é conhecido também pelo trabalho ensaístico e pelas suas aulas provocatórias na Escola de Cinema Novo de Moscovo. Tal como nos seus filmes, todas as aparições de Aristakissian visam o mesmo — vencer, com a ajuda das imagens, as convenções sociais que nos reprimem e escravizam a percepção. Ele conduzirá o público por uma nova gramática e nova visão partilhadas por alguns filmes e fotografias que captam o espaço liminar entre a vida e a morte — como Santa Luzia a oferecer os seus olhos numa bandeja dourada.