Lise Bardou

To Go Around

29-30 de Junho e 1-2 Julho | 2017

No dia 29 de Junho, pelas 19 horas, a Zaratan – Arte Contemporânea convida para a inauguração de To Go Around, uma exposição de Lise Bardou, artista em residência na Zaratan AIR, que apresenta os trabalhos desenvolvidos durante a sua estadia em Lisboa.

Decorrentes de estudos antropológicos e trabalho de campo, a sua prática artística desafia os espaços liminares e aborda a ideia do corpo como um vetor. Um vector que fornece, através do movimento e do ritmo, a transição de diferentes estados mentais e corporais. O título da exposição, To Go Around, vem do livro de Paul Connerton, "Como as Sociedades Recordam".

Esta expressão é usada pelos Walpiri (os modernos aborigenos australianos) e exprime a vontade de “actuar um desvio” 

Errando por Lisboa com estas leituras em mente, Lise Bardou começou a imaginar e identificar certas linhas - algumas delas geográficas, outras criadas pelo fluxo de pessoas, outras desenhadas por ela mesma. Linhas que se agregam e desagregam em conveniências fluidas. Uma ordem intuitivamente perceptível que só se manifesta nos intervalos da visibilidade. Como revelar o intangível, ou ficar mais próximos dele?

A pesquisa da artista inicia-se por filmar o percurso de duas importantes procissões religiosas, a "Procissão de Nossa Senhora da Saúde" e a "Procissão das Velas", observando o movimento dos transeuntes. Juntando à comunidade numa dimensão especial e temporal de deslocamento, a procissão congrega pessoas muito diferentes, cada uma caracterizada pelas suas roupas, pelos seus instrumentos e as suas atitudes.

Nos vídeos e desenhos apresentados na Zaratan, Lise Bardou apaga muitas informações físicas e materiais da documentação objetiva do desfile, chegando a outras composições abstratas que sublinham o movimento, a duração e o ritmo dos peregrinos - tanto dos verdadeiros crentes, como dos que estão a fugir ou já fugiram da cerimónia.

Continuando a sua procura de linhas invisíveis que cruzam o espaço físico, Lise Bardou dirigiu a sua atenção para a fluidez da água a correr sob o solo recriando o percurso da rede hídrica subterrânea de Lisboa, passando de uma fonte para outra, indo abaixo e acima do chão da cidade. De igreja em igreja, de chafariz em chafariz, a artista molda uma outra percepção do espaço.

BIO:
Nascida em Toulouse, Lise Bardou formou-se em Junho de 2016 na EBABX (Escola de Belas Artes de Bordéus). Trabalha principalmente com vídeo, desenho e instalações para retratar lugares e paisagens particulares, o seu ritmo e o seu movimento. As suas criações baseiam-se na pesquisa antropológica e histórica, evocando rituais, mitos e crenças de uma comunidade, como fez com o fenómeno do tarantismo para a investigação da tese, incluindo a questão do liminar, do movimento, do ritmo, do trance, da música e do ritual como terapia. "Tingido pelo calor languidecido da cultura mediterrânea, o trabalho de Lise Bardou é generoso e contemplativo. Tem algo a ver com a ruína, as sestas no sol depois de uma boa refeição, mas também a festa, a música, a dança e os rituais, de vez em quando, cobertos pelas canções das cigarras ". Adrien Défago