Sessôes da Buganvília #15| VHS screening: JOÃO FONTE SANTA | Concerto: JEWELS

25 Março 2017 19h00

Sessôes da Buganvília #15

19h > VHS screening: João Fonte Santa
20h > Concerto: Jewels

As Sessões da Buganvília resgatam uma inspiração botânica para a realização de cruzamentos diíbridos mensais, consumados na reunião de projecções vídeo e concertos de música, pondo em confronto e fazendo colidir até à fusão a ordem própria destas duas naturezas.
As projecções vídeo tomam a forma de uma selecção de trabalhos organizados e transcritos numa edição em formato VHS, sendo esta mesma edição projectada durante cada sessão, num primeiro momento das sessões.
Em complemento, os concertos podem sugerir (ou divergir) na relação para com as imagens em movimento previamente apresentadas, quer na sua relação formal e conceptual, quer na relação autoral que alguns artistas possuem para com os dois meios de criação, muitas vezes indissociáveis e complementares.
As Sessões da Buganvília são organizadas por António Caramelo a convite da Zaratan, que imaginou a instalação no pátio da galeria uma Buganvília como condição mediadora da curadoria deste ciclo de sessões. 
O artista convidado nesta décima quinta sessão, a 25 de Março, é  João Fonte Santa, seguido por concerto de Jewels.
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>>> VIDEO SCREENING (19h00) // João Fonte Santa


“Apollo XIII”
Apollo XIII é uma remontagem da transmissão histórica da extração dos astronautas da missão Apollo XIII da cápsula depois da sua amaragem no Pacifico Sul. O ritmo quebrado dos planos, entrecortados por breves contra-planos negros, associado à mecanicamente monótona banda sonora não permite descortinar um fim à acção. Vemos um limbo de gestos bem ensaiados mas na realidade fúteis, na medida em que sugerem um ritual sem fim, enquanto a cápsula vai rodando nas ondas e voltando sempre ao mesmo ponto.


“GOPR 1066”
Passeando no Verão passado à beira-mar, descobri na linha de rebentação das ondas, envolta num emaranhado de algas, uma câmara Go-Pro. Pelas pequenas algas que cresciam por entre as fibras do arnês de prender à cabeça, percebia-se que estivera perdida durante algum tempo no meio do mar. A minha expectativa prendia-se com a possibilidade de ela conter o filme que documentasse a sua perda e a subsequente viagem submarina. Passados alguns dias quando, no fim das férias, cheguei a casa, confirmei a existência desse filme: nove minutos de lento e sufocante afogamento acentuado pelo rebolar da imagem ao sabor da rebentação e pelo resfolegar da máquina ao raspar na areia simulando um acto de respirar penoso e cada vais mais exangue.


“Ataque, o Povo Quer Derrubar o Regime”
Trata-se de uma colagem entre um diaporama feito a partir de fotografias tiradas do monitor a quando da visualização do filme Ataque de Robert Aldrich às quais foi sobreposto a banda sonora de um video de youtube filmado durante a “Batalha dos Camelos”, na cidade do Cairo, no Egipto, na noite de 2 para 3 de fevereiro de 2011.
Ataque, filme passado no final da 2ª Guerra Mundial, na Europa Ocidental, conta a história de um tenente norte americano que se revolta contra o seu coronel, incompetente e cobarde que mantem o posto graças a tráfico de influências. O protagonista, interpretado por Jack Pallance, depois de ser atingido por vários tiros e atropelado por um tanque alemão, morre aos pés do coronel com uma faca na mão, numa ultima tentativa de exercer vingança pelos camaradas mortos pela incúria do coronel. São os seus camaradas que finalmente executam o coronel. A seguir surge uma sequência de vários planos onde o cadáver de ambos é transportado, destacando-se o esgar de sofrimento esculpido a navalha de jack pallance: é esta a sequencia que fotografei.
No dia 2 de Fevereiro de 2011, gunas pró-Mubarak montados em cavalos e camelos, atacaram a multidão de manifestantes anti-regime acampados na praça Tharir, na cidade do Cairo. Perderam a batalha, e sobretudo conseguiram que a opinião publica aderisse definitivamente à revolução. No entanto a batalha estendeu-se durante dois dias non stop. Uma miríade de filmes postos no youtube mostram-nos como os jovens revoltosos conseguiram, suster os ataques do regime, sobretudo através da construção em tempo real de um sofisticado sistema de barricadas. Parte fundamental da estratégia de defesa, era o drumbeat que uso como banda sonora: ele era usado como alerta de ataques e depois como forma de manter a moral, e os proprios revoltosos cercados, acordados e resistentes.
Montagem de video e sonoplastia de Paulo Abreu

>>> CONCERTO (20h00) // JEWELS

https://cafetrarecords.bandcamp.com/album/s-no-fim-ep
https://cafetrarecords.bandcamp.com/track/amor-jewels

BIOS:

João Fonte Santa 
João Fonte Santa (Évora, 1965) vive e trabalha em Lisboa. 
Estudou Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Começando por se dedicar à produção gráfica underground em fanzines auto-editados foi orientando progressivamente o seu trabalho para a pintura e o desenho. Expõe regularmente desde meados dos anos 90. Das suas exposições individuais, destacam-se: O Colapso da Civilização, Galeria VPF Cream Art, Lisboa; Pintura Para Uma Nova Sociedade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira; TODOS OS DIAS A MESMA COISA – CARRO – TRABALHO – COMER – TRABALHO – CARRO – SOFÁ –TV- DORMIR – CARRO – TRABALHO – ATÉ QUANDO VAIS AGUENTAR? –UM EM CADA DEZ ENLOQUECE – UM EM CADA CINCO REBENTA!, Galeria VPF Cream Art, Lisboa; O Aprendiz Preguiçoso, Festival Sonda, Atelier-Museu António Duarte, Caldas da Rainha; Frozen Yougurt Potlash, Galeria VPF Cream Art, Lisboa; Do Fotorrealismo à Abstração, Salão Olímpico, Porto. Colectivamente tem participado em algumas importantes exposições de arte contemporânea portuguesa fora do país, destacando-se: Plano XXI – Portuguese Contemporary Art, G-Mac, Glasgow, 2000; Café Portugal, Design Factory, Bratislava 2008; Portugal Portugueses, Museu Afro Brasil, São Paulo, 2016-2017.

Jewels:
Projecto a solo de Júlia Reis, baterista das Pega Monstro. O projecto teve início formal em 2013, quando do lançamento do EP “Só no fim”, disponível no Bandcamp da Cafetra Records. JEWELS apresenta-se nas Sessões da Buganvília #15 através do piano e voz para nos oferecer uma certa ideia de leveza por via de canções simples e bem construídas.