Do Liminar #2 – Ciclo de performance na Zaratan

17 Julho 2016 19h00

No dia 17 de Julho apresentamos o segundo episódio do Ciclo Do Liminar, uma plataforma para objectos experimentais no campo da performance como linguagem e prática alargadas. Acontece, uma vez por mês, na Zaratan – Arte Contemporânea, em Lisboa. O não-acontecimento, o erro que possibilita e o confronto nunca estanque das ideias ganham corpo em trabalhos de carácter transdisciplinar, com formatos de apresentação raramente assimilados nos modelos e lógicas de programação do espectáculo. Como parte do ciclo do liminar e paralelo ao programa de performances, são convidados um escritor e um fotógrafo, em cada edição, para criarem um lastro, tradução, crítica livre que ganha a forma de publicação editada em papel. Nesta segunda edição haverá performances de Valério IsmaeliGiorgia Ghione Gonçalo Alegria, posteriormente interpretadas por Inês Cabral (fotografia) e Miguel Castro Caldas (texto). Paralelamente, haverá o lançamento da primeira edição da publicação “Do Liminar”, que reúne um ensaio textual de Rui de Almeida Paiva e um ensaio fotográfico de Sara Rafael, concebidos a partir das performances apresentadas durante o primeiro episódio do ciclo. O design da publicação é de Marco Balesteros e Isabel Lucerna. 

Nota: Aceitam-se propostas de apresentação para as próximas edições. Enviar para o endereço zaratan.ac@gmail.com

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Performances:

 

NÃO É DO PASSADO, NEM É DO FUTURO, É DO PRECARIADO de Valério Ismaeli

Os trabalhos precários articulam-se em circunstâncias casuais e condições desconhecidas. Não têm qualquer direito já dado ou a pretensão de um título. Nunca são os mesmos duas vezes. Desta forma, eles existem como uma proposição, uma hipótese e uma memória. Eles ocupam o espaço duvidoso entre processo e objeto e não querem estar claramente nem de um lado nem do outro, mas sim oscilar e ameaçar a queda.
 
MOSCHICIDA de Giorgia Ghione
Olhando para uma insecticida eléctico temos a sensação que os insetos estejam cientes do destino que os espera no movimento de aproximação. Aos nossos olhos pode parecer absurda àquela atração irresistível para algo tão fascinante como nocivo. Talvez não nos apercebemos de como cada um de nós é fatalmente atraído pelos seus próprios insecticidas eléctricos. 
 
MANUAL DO ENGASGUE de Gonçalo Alegria
Dando continuidade a um trabalho de criação de processos de escrita através de métodos experimentais, Gonçalo Alegria cria um dispositivo em que a voz é tida como input tornando-se uma interferência ao momento presente. Através da acumulação do texto escrito e da sua repetição lida, é simultaneamente o autor e um copista - assalariado para escrever o que ouve. Este manual é a primeira parte de um trÍptico dedicado ao estoicismo.
 
BIOS:
 
Valério Ismaeli
Giorgia Ghione
Através do seu trabalho, Giorgia Ghione (1988, Genoa) explora as práticas performativas e os seus prolongamentos instalativos e participativos. Obteve um grau académico na Faculdade de Belas Artes de Genoa (2011) e um mestrado em Artes Visuais na Faculdade de Belas Artes de Turim (2015). Participou em várias exposições colectivas e tem ampliado a sua investigação por meio de estágios, workshop e colaborações, sobretudo na área da performance e da video-instalação, entre os quais Performance art DAI(Accademia Albertina di Belle Arti, Torino - 2014), Can you preserve the wind?(Galleria Moitre, Torino – 2015). Actualmente vive entre Genoa e Turim, trabalhando como artista, curadora e coordenadora de oficinas didáctico-artísticas.
 
Gonçalo Alegria
Estudou música com Walter Lopes, José Eduardo, Mário Delgado. Foi professor de Som e de Luz na escola Profissional de Artes e Ofícios do Espectáculo. Frequentou o Curso de Artes da Performance Interdisciplinares e Tecnológicas, Programa Gulbenkian Criatividade em 2008. Membro do colectivo Silvestre Alegria. Desenvolve uma pesquisa artística interdiscilpinar onde usa entre outras matérias o som, rádio, performance, e a escrita. Trabalha em teatro desde 1999.
 
Inês Cabral
Inês Cabral, nasce em 1987, com um olho doente. Esta condição apenas foi corrigida através da lente da sua primeira Pentax, momento em que o seu imaginário se focou.

Miguel Castro Caldas
Miguel Castro Caldas escreve para a cena e para o papel, traduz e dá aulas de dramaturgia na licenciatura de Teatro na Escola Superior de Artes e Design. Trabalhou em teatro com Bruno Bravo, Jorge Silva Melo, Gonçalo Waddington, António Simão, Tiago Rodrigues, Teresa Sobral, Raquel Castro, Pedro Gil, Lígia Soares, Gonçalo Amorim, Rute Rocha, entre outros. Alguns dos seus textos estão publicados na colecção Livrinhos de Teatro dos Artistas Unidos, na editora Ambar, na Douda Correria, na Mariposa Azual, na Culturgest, na Primeiros Sintomas, e nas revistas Artistas Unidos, Fatal e Blimunda. Traduziu Samuel Beckett, Harold Pinter, Ali Smith, William Maxwell, Joyce Carol Oates, Salman Rushdie, Senel Paz, entre outros.